Município do Fundão assinou protocolo para Área Integrada de Gestão de Paisagem da Serra da Gardunha
No seguimento da candidatura apresentada pelo Município do Fundão para a criação de uma Área Integrada de Gestão de Paisagem (AIGP) na serra da Gardunha, a autarquia assinou o protocolo para a criação desta AIGP.
A cerimónia decorreu, no dia 19 de julho, na Pampilhosa da Serra, onde foram celebrados os contratos-programa de 47 Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, que abrangem quase 100 mil hectares de intervenção, em 26 concelhos. Nesta cerimónia participaram, entre outros, o Primeiro-Ministro António Costa, o Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino.
A criação da AIGP da Serra da Gardunha surge numa estratégia de mosaico ou de descontinuidade da floresta, em que os espaços florestais são integrados em espaços agrícolas de uma forma a tornar o território mais produtivo e aumentar a eficácia da prevenção contra incêndios.
A AIGP é um instrumento através do qual se pretende promover a gestão e exploração comum dos espaços agro-florestais em zonas de minifúndio e de elevado risco de incêndio. O modelo preconizado é orientado para comunidades locais, promovendo a mobilização dos produtores e proprietários.
A partir do consórcio definido pela rede iNature, consórcio promotor do turismo de natureza em 12 áreas naturais classificadas da Região Centro, propôs-se a definição de um conjunto de Áreas Integradas de Gestão de Paisagem, alinhadas com o intuito de definir uma intervenção multifuncional de valorização da paisagem em áreas classificadas, definindo-se um posicionamento comum entre a Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha, Parque Natural Vouga-Caramulo e Reserva Natural da Serra da Malcata.
Com esta candidatura, a autarquia teve como intuito proteger a paisagem e a biodiversidade, conservar o solo e a água e diminuir a suscetibilidade ao fogo, numa altura em que se discute o Plano de Recuperação e Resiliência, ao abrigo do Programa Portugal 2020, que define a criação de AIGP como uma “medida estrutural desta reforma, enquanto instrumento operativo de gestão e exploração comum dos espaços agroflorestais em zonas de minifúndio. Sujeita determinada área com fatores críticos de perigosidade de incêndio e vulnerabilidades a um conjunto articulado e integrado de intervenções, tendo por base uma Operação Integrada de Gestão da Paisagem (OIGP), visando a reconversão e gestão de territórios florestais, agrícolas e silvopastoris, através de uma gestão ativa e racional. É promovida e operacionalizada pelos atores locais, enquanto dinamizadores da transformação da paisagem (autarquias, organizações de produtores florestais e agrícolas, cooperativas, associações locais, entidades de gestão coletiva, entre outras)”.
A AIGP da Serra da Gardunha abrange a denominada Cordilheira Central da Gardunha, num total de 4.503 hectares, e tem como objetivos reforçar a diversidade da paisagem, aumentar a resiliência da floresta ao risco e integrar espaços florestais em espaços agrícolas, de forma a tornar o território mais produtivo, ao mesmo tempo que se aumenta a eficácia da prevenção contra incêndios.
A gestão da AIGP foi feita em coordenação entre entidades públicas, ligadas à investigação, ao desenvolvimento de projetos florestais e gestoras de terrenos privados ou de domínio público, nomeadamente: Município do Fundão, Agência de Desenvolvimento Gardunha 21, Pinus Verde, proprietários, associações de compartes, instituições gestoras de baldios, juntas de freguesia, Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior, organizações de produtores da fileira da cereja e do queijo e Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.
No que concerne à área agro-florestal pretende-se promover uma floresta sustentável e produtiva, com a reintrodução do castanheiro, o reforço do medronheiro, do cogumelo silvestre e diversas espécies autóctones, como o carvalho, o pinho e o sobreiro (zona sul), a promoção da apicultura, o incentivo às práticas de silvicultura, a proteção do ecossistema e a promoção do turismo de natureza. Será ainda feita uma forte aposta na investigação e conhecimento na área da biotecnologia, onde o Centro de Biotecnologia e Plantas da Beira Interior terá um papel preponderante.
Com a criação desta AIGP pretende-se ainda a realização de um cadastro na globalidade da área proposta, a criação de um fundo de arrendamento de terras e a implementação de infraestruturas associadas à rede LORA necessárias para a dar cobertura de rede na paisagem protegida da Serra da Gardunha.
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